No contexto da abundância informacional, a seleção, a organização e o cuidado com os conteúdos das redes digitais, visando a um público e propósitos mais delineados, estão recebendo visibilidade nos últimos anos. Esse processo é conhecido como curadoria, palavra que vem do latim “curare”, que significa cuidar ou preservar. Historicamente, a palavra esteve vinculada ao processo de seleção e cuidado com as coleções de museus e espaços artísticos, além de bibliotecas e acervos de documentos históricos.
Em meio à profusão de artefatos e produções culturais que circulam na internet, é preciso escolher, selecionar e recomendar aqueles mais significativos e apropriados para o trabalho pedagógico. Tal fato é uma necessidade para a produção de práticas pedagógicas mais interessantes e potentes para os estudantes. O papel dos professores de Geografia nesse campo que se descortina é fundamental. Os docentes não são somente selecionadores e disseminadores de conteúdos, mas organizadores de abordagens reflexivas, intencionais e em consonância com os interesses e necessidades dos estudantes, com os objetivos dos planos de aula, currículos, práticas pedagógicas e com as discussões mais recentes que envolvem os variados campos da educação, das mídias e da Geografia.
Aliando curadoria de conteúdos digitais e Geografia Escolar, defendemos que o professor seja também curador, que também participe do processo. Ramos (2012) ressalta o aspecto social do curador como um mediador, uma atividade fundamental na cultura contemporânea, uma vez que o mediador não está necessariamente envolvido em produzir novas formas, mas sim de buscar arranjá-las em novos formatos.
Defendemos, ademais, que a atividade curadora envolve também participação coletiva e compartilhamento à medida que pode inspirar uma epistemologia e uma prática pedagógica nos contextos educacionais capazes de superar as pressões e apelos de consumo e mercantilização do conhecimento. Nessa perspectiva, a curadoria é entendida como prática de socialização e mediação de saberes.